segunda-feira, 29 de março de 2010

SUBURBANO NO CENTRO - O rap mais vivo do que nunca

Um dos objetivos desse blog é abrir espaço para o pensamentos dos jovens talentos que participam de uma forma ou de outra da cultura hip hop. Além de entrevistas, resenhas de discos e matérias sobre shows, quero registrar nesse espaço o ponto de vista desses militantes. O exército do hip hop é formado por djs, grafiteiros, fotógrafos, dançarinos, skatistas, donos de lojas, sindicalistas, advogados, médicos, policiais, jornalistas, escritores, feirantes, políticos, entre muito outros.

A seguir um texto do amigo Sniper, rapper expoente do querido, e ainda pouco compreendido, Capão Redondo, sobre o envento do sensacional Alessandro Buzzo (cinestas, estilista, escritor, agitdor cultural e guerreiro de fé).

Good vibes.






Ontem colei no centro pra conferir mais um evento organizado pelo escritor Alessandro Buzo, “Suburbano no Centro”. Estava lotado de manos e minas fortalecendo a cultura hip hop, através de grafites, filmes e claro, muito rap. O som ficou por conta da Familia 2 Mil Grau da zona leste e deu sequencia com mais militantes da leste: Mano Rogério acompanhado do “Elly (DMN)”, “Da Antiga” e “Fran (Tribunal Mc´s)” e encerrou ao som do grupo “A Familia” cantando e lançando seu mais novo vídeo clip da música “Faça por amor”.


Homenagem à Dina Di

Lá encontrei outros aliados também, como se fosse uma reunião familiar. O Xandão (Química) avisou que o som com a minha participação entrará na programação do “Espaço Rap da 105” na semana que vem.

O mano Luther (Enigmas D´Periferia), o qual estou dando uma força para lançarem seu disco pela RI Fonográfica também colou e disse que as letras estão prontas.

Um salve geral a guerreira “Dina Di” foi lançado e aplaudido por todos.

Me lembro da primeira vez que ouvi um som da Dina no rádio (Dr. Rap), quem é “das antigas” lembram, pois sintonizavam e viajavam nas ondas do rap anos atrás. “Confidências de uma presidiária” era o hit. Mais de 10 anos depois pude ter o prazer de conhecê-la e infelizmente após vê-la partir. Fica aqui minha homenagem a esta guerreira.

Meu novo disco está pra sair e muitos outros estão no forno. Aguardem...pois o rap está mais vivo do que nunca. Este  foi mais um rolê na noite de São Paulo por mim Sniper, o Franco Atirador.



PAZ e RESISTÊNCIA

domingo, 28 de fevereiro de 2010

Papo de pai

Caros leitores, abro aqui um espaço para dois textos muito representativos. Um meu e outro do talentosíssimo rapper Emicida. Os dois sobre o mesmo assunto:  a paternidade, essa experiência fantástica que a vida nos reserva. Um sonho que para mim se chama Maria Flor e para o Emicida se chama Estela. Muita saúde, paz e sucesso para ambas.

Depoimento do Juca


Era uma segunda-feira normal, final de agosto. Nada de especial além de um dia de trabalho  na véspera das minhas férias. Segundo a previsão da médica, ainda  faltavam nove dias para a minha filha nascer. E estava tranquilo indo para mais um dia no jornal.

Mas com um telefone, tudo mudou e aquela segunda -feira se tornou a mais especial de todas.  Fui correndo para  o hospital e lá encontrei a minha mulher com a carinha mais linda do mundo, crente que era só um alarme falso, desses tão comuns no final da gravidez. Afinal de contas, ainda faltavam nove dias para a Maria Flor nascer, porém, o veredito da chefe de enfermagem foi curto e indiscutível. 'É nasce hoje'.

Eu e a minha mulher nos olhamos. 'Hoje!?!?'. Era uma sensação de surpresa, alegria e medo.

Todos os preparativos foram feitos. Chegou a médica... chegou a hora. Fui trocar de roupa. Recebi as orientações de uma enfermeira e caminhei sozinho do vestiário até a sala de parto. A cabeça a mil e o coração disparado. Na sala um clima de paz e tensão. Uma das músicas preferidas da minha mulher tocando no aparelho de som entrecortada por uma conversa animada entre enfermeiras e a médica.  Não conseguia me concentrar em nada, a emoção tomava conta do meu coração.

Cheguei tímido, me aproximei da mesa de parto e pude ver o rosto da minha mulher com um meio sorriso de supresa e dor.

Tudo correu bem e num piscar de olhos ela estava lá. No meio da sala, toda sujinha e recebendo a atenção de todos. Um momento mágico. Um momento único. Naquele segundo a minha vida ficou muito mais completa.

Depoimento do Emicida

Acho que uma das maiores sacanagens que se pode fazer com um leitor, espectador ou um ouvinte é dizer, não existem palavras para descrever determinado momento ou acontecimento, resume o texto ou o discurso em "eu sei e vocês não", bom pelo menos aos meus olhos fica esta impressão... Realmente é dificil descrever esta sensação, bem próximo do impossivel, mas vou me arriscar e quem sabe com sorte, eu consigo, vamos lá.


Gosto de Refletir sobre o poder da mãe Natureza acima de todas as outras coisas, quando ela se manifesta, entendemos por que ela é chamada de mãe. um nascimento, de qualquer ser que seja, sendo nosso filho/filha ou não é fascinante por si só.

 Ter a benção de presenciar o primeiro contato de uma nova vida com o velho mundo, marca qualquer pessoa. No meu caso não foi diferente, a tensão durante o trabalho de parto, bota no chinelo a final da liga dos Mc's facil, começa por ai. Segurar na mão de uma mãe momentos antes de ela dar a luz e olhar no fundo dos olhos dela faz você pensar em tanta coisa, tanta coisa mesmo, meu cérebro ja é estranho, imagino que muito do que passa pela minha cabeça possa soar bizarro para outras pessoas, mas eu me acostumei com isso a algum tempo já... Vi no brilho dos olhos dela algo tão grande e isso sim é inexplicavel pois nunca saberemos oque é, apenas as mulheres sabem e se tentam colocar em palavras automaticamente diminuem oque realmente foi aquilo.

Ver quando aquele corpinho minusculo entra em contato com as mãos do médico então, foi a única coisa na vida que me deixou estático, sem saber oque fazer, esqueci de fotografar com a camera na mão, o médico me lembrou "Ei, você não vai fotografar, Pai?" e eu bati a foto dela, naquele momento sublime, o auge da paz que alguem pode ter, tão pequena e tão importante...e tão carente de cuidados, uma nova pessoinha.

Reseta a vida, como um video game, como fechar um livro esquecer oque leu e recomeçar. As prioridades tornam-se outras automaticamente, pela primeira vez eu me preocupei com o futuro de uma forma temerosa, que te coloca numa posição de algo tão vulneravel como qualquer ser inofensivo vivente e nos faz pensar coisas como "agora, eu tenho algo a perder..." ," alguem precisa cuidar dela..." mais ou menos isso...



Me senti maior e me senti menor ao mesmo tempo, Mestre e aluno, aguardei a sua chegada no quarto da maternidade pensando

se chorando ela fez isso comigo imagina quando ela sorrir...

sábado, 20 de fevereiro de 2010

Doideira no DVD



Se uma imagem vale por mil palavras, um DVD pode muito bem contar 20 anos de história. Talvez essa afirmação não seja tão verdadeira assim. No dia 27, será lançado o primeiro DVD do rapper Criolo Doido em comemoração as duas décadas de bom trabalho prestado ao rap. O disco é o registro de um show gravado em dezembro de 2008 durante uma edição especial da Rinha dos MCs,  já no atual endereço deste tradicional encontro de MCs no centro da capital paulista.


O DVD 'Live in SP'  traz toda a adrenalina do show e de quebra uma entrevista do rapper feita na laje da sua casa no Grajaú.  Entre uma música e outro o mundo e a filosofia do Criolo Doido vão se desvendando.


Além dos grandes sucessos como 'Sapatinho' e 'Vazilhame', o DVD também tem a inédita 'Grajaux' como bônus nos créditos finais.


Faz falta no DVD uma amostra do que é a Rinha dos MCs, o evento tem como marca registrada a insanidade e presença de palco do Criolo Doido. Ele põe pilha nos candidatos a DJs e incendeia, quase literalmente, a galera.


Eu já assisti várias edições da Rinha e uma nunca é igual a outra. Se repete a agitação, a torcida frenética da platéia e os urros de celebração da vitória, mas, definitivamente, nenhum rinha é igual, principalmente para quem está no meio da batalha.

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

Sabedoria Oriental



Acompanho o movimento cultural do Capão Redondo há mais de 20 anos. Quando morei lá, no início dos anos 80, a coisa funcionava no boca-a-boca. A tecnologia mais avançada para divulgar um show ou uma festa era o bom e velho cartaz colado nos postes próximos aos pontos de ônibus.


Hoje temos a internet e o Capão entrou de corpo e alma na web. A diversidade e o talento do bairro que já foi o mais violento do mundo, felizmente, continuam a mil também no século 21.


É lá do Capão que vem um alerta importante. Está em franca e animada produção o novo álbum do rapper Sniper. O disco será o sucessor do politizado 'Resistência e Inteligência', lançado em 2007.


O rapper divide, ou melhor multiplica, o seu tempo entre o hip hop e a filosofia oriental. Campeão mundial de Kung Fu e especialista em técnicas terapêuticas de massagens, o rapper defende o auto-conhecimento e a persistência da cultural oriental como ferramentas para se tornar um ser humano melhor.


Prova viva da superação e êxito pessoal, o rapper tem sonhos e planos ambiciosos para o futuro. Desde de janeiro, ele publica um blog com as novidades sobre o novo disco e alguns dos ensinamentos que norteiam o seu trabalho.


 O endereço do blog do rapper é o http://www.sniperri.blogspot.com/


Good vibrations e paz

terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

Miles Davis fez história



O melhor disco de jazz da história, sem a menor dúvida de errar é o 'Kind of Blue', do trompetista americano Miles Davis. Lançado em 1959, esse álbum redefiniu o jazz e, até certo ponto, a música mundial. O hip hop até hoje bebe dessa fonte. Os grandes nomes do gênero usam os recursos inovadores do mestre Miles Davis.

Eu, particularmente, tenho um carinho muito grande por esse álbum, pois ele está relacionado intimamente a fatos marcantes na minha vida. Só para citar um deles,  foi o 'Kind...' que me acompanhou quase que diariamente nas longas sessões extras de estudos para o vestibular em 1990. Não sei se foi a dedicação ou as goods vibes do álbum, mas eu passei em 68º lugar no concorrido vestibular da Cásper Líbero.


Mas o que eu quero falar sobre esse álbum  fundamental para a história da música é um assunto que está ligado a todas as grandes obras da humanidade: Preparação, Planejamento, Esforço e Talento.


Para realizar uma grande obra, seja lá em qual área, é preciso muito desses quatro fatores. A falha em um desses quesitos pode por tudo a perder.


No caso de 'Kind of Blue', Miles e o seu incrível quinteto fizeram quatro álbuns que serviram de gestação para o 'Kind...'. Três deles pelo selo Prestige e um pela Columbia, que foi a gravadora desta obra prima do jazz. Em todos eles sobram exemplos de preparação, planejamento, esforço e, é claro, talento.

A cada álbum a revolução musical de 'Kind..' foi tomando forma e arrebatando seguidores.


Os ábuns são:


Workin' (Prestige)
Cookin' (Prestige)
Relaxin' (Prestige)
'Round about midnight (Columbia)


Nos próximos post, eu vou falar um pouco sobre esses álbuns e a construção da maior mudança do jazz de todos os tempos.


Good vibration e paz!

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

Assim disse Rashid

Imaginar uma outra realidade. Pensar o mundo por uma perspectiva diferente. Explorar possibilidades. São pensamentos assim que fomentam a criatividade da mente humana e, até certo ponto, construíram a sociedade que temos hoje.
Pode parecer filosofia, mas a base disso tudo é a sobrevivência. Fico muito feliz em saber que esse sentimento de inquietude e desafio está cada vez mais presente no nosso hip hop. Um grande exemplo disso é o single 'E se' lançado há alguns dias e que estará no tão aguardado álbum de estreia do rapper previsto para  o dia 31 de março.
A música é um convite para a reflexão e, ao mesmo tempo, um manifesto sobre o grau de compromisso que é preciso ter para fazer rap.
Impressiona a evolução musical do Mc Rashid nesse single com produção do Laudz. A canção é cheia de energia e cria uma grande expectativa para o álbum 'Hora de Acordar'. Sem dúvida nenhuma será um dos destaques de 2010. Em pouco menos de cinco dias, o single teve cerca de 6 mil audições no myspace.
Eu ouvi a exibição de número 6.004 e me lembrei de alguns encontros que eu tive com o Rashid nesses últimos anos. Foram entrevistas, bate papos casuais em shows, um workshop e um almoço. Em todos eles, o rapper em algum momento citou o seu comprometimento e a sua paixão pelo rap. Daí que vem toda a verdade da sua música. Com a bagagem de um leitor voraz e seletivo, que lê uma média de dois bons livros por semana, Rashid capricha nas rimas e não perde tempo com mensagens vazias. Vale a pena ouvir.

O myspace do artista
www.myspace.com/mcrashid

terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

Carta de coração aberto

Novidades são sempre bem-vindas. Havia um tempo, antes dos e-mails, torpedos e msn, que as cartas eram as portadoras de boas novas.
Em dezembro essa tradição foi um pouco resgatada. Foi numa sexta-feira, bem depois das 23h, que eu recebi essa carta. Na verdade, eu tive que ir atrás dela lá na porta da Rinha dos MCs.
Era lá que naquela noite o MC Projota estava vendendo o recém-lançado EP 'Carta aos Meus' _uma das melhores produções de 2009. Por apenas R$ 5, levei para casa uma baita explosão sonora de criatividade. São oito faixas caprichadas que revelam o talento do rapper nas rimas. A produção é caseira, mas isso não significa falta de qualidade. Pelo contrário, o time é de primeira: mixagens do DJ Caique, scratchs do DJ Zala, vocais da Pandora, entre outros.
Projota já havia se destacado na cena com a excelente 'Lauzane' composta com o parceiro MC Rashid, que na minha opinião é, até agora, a melhor música sobre quebrada de todas.

No EP o padrão de qualidade é mantido. Destaque para as dançantes 'Brasília de neguim' e 'Rato de quermesse'.
A homenagem singela ao amor materno está presente em 'Véia'. Uma canção forte que bate fundo no coração de quem já não tem mais a mãe por perto. Para mim essa canção resume um sentimento triste que eu sinto desde 2004 e que talvez nunca vá passar.
Para fechar em grande estilo, o EP termina com 'Nóiz', uma saraivada de frases certeiras como: "A nossa luta é pela vida e não tem como perder esse guerra". O EP é vendido pelo e-mail: projota@gmail.com. O myspace do rapper é o www.myspace.com/mcprojota


segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

Grammy do 50 Cent não foi merecido

Algumas fórmulas estão se desgastando rapidamente no rap internacional. A imagem de bad boy durão que tem o mundo todo contra ele, mas está sempre com a razão não tem mais o magnetismo hipnótico dos anos 90, conhecido como gansta rap. Isso é um ponto importante para o rap, pois demonstra uma evolução tremenda de valores. Caras como o Mos Def estão fazendo a diferença nesse sentido. Mesmo sem o reconhecimento merecido.
O último álbum do 50 Cent, 'Before I self-destruct', lançado no final do ano passado nos EUA, é uma repetição dessa fórmula desgastada do rap gangsta. É um disco que não acrescenta nada ao ouvinte atento de rap. Apesar disso, o músico ganhou o Grammy o que prova o retrocesso da indústria fonográfica que ainda confunde vendagem com talento. O prêmio foi de 'Melhor interpretação em dupla ou grupo de rap - Crack A Bottle, Eminem, Dr. Dre & 50 Cent'. Em disco, porém, o rapper não é tudo isso.
O 50 Cent exagera, ao longo de todo o álbum, a imagem de herói incompreendido e senhor da razão. Nas letras ecoam versos contra os inimigos e exaltam a imagem de valentão, exemplo disso é a faixa 'Death to my Enemies'. Nada no disco lembra a faceta de empresário bem-sucedido, milionário mimado e dono de grife de roupa do rapper, que durante os meses de fevereiro e março estará em turnê pela Europa e Egito.
A produção do disco é recheada com batidas criativas e tem convidados de peso. A faixa 'Psycho' com a participação do Eminem se destaca., mas não salva o álbum.
Espero que no próximo álbum o rapper pare de olhar para o próprio umbigo e faça por merecer o prêmio que recebeu.

Para saber mais sobre 50 cent, confira o site oficial do artista www.thisis50.com

terça-feira, 26 de janeiro de 2010

“Fela é uma lenda”




Final de tarde, dia 15 de outubro, enquanto o mundo comemorava o Fela Kuti Day, eu estava numa estradinha perdida entre Luziânia (GO) e Brasília tentando pela quinta vez no dia uma entrevista com o adido cultural da Nigéria no Brasil para falar sobre o mais criativo músico nigeriano, ativista político, criador do afrobeat e revolucionário Fela Kuti, homenageado da semana aqui no Groove Livre.


CLIQUE AQUI e confira a breve entrevista feita para o Groove Livre, blog de Serjão Carvalho, também colaborador do NOIZ.

Publicado no site Noiz em 19 de outubro de 2009 às 12:15